quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Que abacaxi!




Em uma grande e conceituada empresa trabalhava o Álvaro. Era um funcionário muito sério, muito dedicado e, acima de tudo, cumpridor de suas obrigações. Tinha já 20 anos de casa e ninguém tinha queixa dele. E, de mais a mais, o Álvaro também não era de reclamar.
Certo dia, entretanto, o funcionário tão exemplar se sentiu indignado e foi diretamente ao patrão, expor sua questão, em um tom um tanto áspero disse:

-Senhor Luís tenho trabalhado todos estes anos em sua empresa, sempre com muita dedicação, mas agora, sinceramente, eu me sinto injustiçado.
O patrão, surpreso, tanto com o seu tom áspero quanto com a declaração de se julgar vitima de uma injustiça, perguntou:
-O que é que há Álvaro? O que está acontecendo com você? Por que tanta contrariedade?
-É que o Rodrigo está na empresa há apenas três anos e recebe mais do que eu – respondeu ele.
O patrão, percebendo os sentimentos do seu fiel funcionário, levando em contas todos os anos de dedicação ao emprego, fingiu não entender e mudou logo de assunto.
- Foi bom você ter vindo aqui, Álvaro, pois tenho um problema para você resolver. Estou querendo incorporar uma sobremesa ao cardápio servido ao nosso pessoal. Aqui na esquina tem uma barraca de frutas. Vá até lá e verifique se tem abacaxi.
 Álvaro saiu para cumprir sua missão, embora não compreendendo o porquê da ordem recebida. Deu cinco minutos e lá veio o homem de volta.

Perguntou-lhe então o patrão:
-E aí, Álvaro? Fez o que lhe pedi? Verificou se na barraquinha vendem abacaxi?
- Verifiquei conforme o senhor mandou. Tem Abacaxi sim.
- E quanto custa? – indagou o patrão.
- Isso eu não perguntei – foi à resposta.
- Existe alguma outra fruta que eu possa substituir pelo abacaxi, se quiser?- continuou o patrão.
- Não sei não senhor – respondeu o Álvaro.
- Muito bem Álvaro. Sente-se, por favor, na cadeira e me aguarde um pouco – pediu-lhe o chefe.
Em seguida, pegou então no telefone e mandou que lhe chamam-se o Rodrigo, aquele de quem o Álvaro havia falado. Quando o rapaz entrou na sala, o Sr. Luís contou-lhe a mesma história da sobremesa e pediu que ele fosse á barraca da esquina, verificar se lá tinha abacaxi. Em oito minutos Rodrigo estava de volta.

-E então Rodrigo? Eles têm abacaxi?- perguntou-lhe o patrão.
-Sim senhor, e em quantidade suficiente para todo o nosso pessoal. E, se o senhor quiser, eles também têm laranjas e bananas – respondeu prontamente o Rodrigo.
-E o preço? – quis saber o Sr. Luís.
-Bom, o abacaxi sai por R$0,90 a unidade; a banana a R$0,35 o quilo e a laranja a R$40,00 o cento, já descascada, mas como eu disse que a quantidade era grande, eles informaram que dariam um desconto de 15%. Caso o senhor resolva comprar mesmo, eu volto lá e confirmo – disse o rapaz.
O patrão agradeceu ao Rodrigo, dispensou-o e se voltou para o Álvaro que, a essa altura já tinha aprendido a lição.
Esta história me faz lembrar a parábola dos talentos. Quando o patrão voltou para ajustar contas com os seus empregados, aquele que apenas guardou com cuidado o seu talento ouviu o seguinte:
“Servo mau e negligente, sabias que ceifo onde não semeei e ajunto onde não espalhei? Cumpria, portanto, que entregasses o dinheiro aos banqueiros, e eu, ao voltar, receberia com juros o que é meu. Tirai-lhe, pois, o talento e dai-o a quem tem dez. Porque a todo o que tem se lhe dará, e terá em abundância; mas ao que não tem até o que tem lhe será tirado.” (Mateus 25.26-29).

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