sexta-feira, 21 de setembro de 2012

HISTÓRIA DE SUPERAÇÃO





A Crença do “sempre foi assim”





As pessoas não são encorajadas a pensar de forma diferente. Quando se arriscam a sonhar é dentro dos limites das tradições. Isso inibe a criatividade e aprisiona os sonhos. Visionários e sonhadores transcendem esses limites das crenças. Não aceitando o impossível vão em frente e realizam. Foi o que fez comandante Rolim Adolfo Amaro. Um menino de Pereira Barreto, no oeste paulista, que sonhava ser piloto, não só transformou a TAM na mais respeitada empresa aérea do país como revolucionou a aviação comercial brasileira. Criou serviços exclusivos e inovadores. Seu lema era tratar os passageiros como celebridades com direito a tapete vermelho a cada viagem. A ponte aérea entre Rio e São Paulo nunca mais foi à mesma depois do comandante tomar tal iniciativa.

No entanto, para chegar ao sucesso, Rolim teve que superar não apenas a crença do “sempre foi assim”, mas também recursos escassos, desestímulos, negativas. De origem humilde foi assistente de mecânico, aprendiz de escrevente de escritório e entregador de sanduíches. Com um salário minguado comprou uma lambreta, a qual mais tarde serviu para pagar o curso de piloto, conforme Rolim relatou na entrevista à revista Isto É. Quando estava prestes a obter o segundo brevê, de piloto privado, o aeroclube instituiu uma taxa que ele não podia pagar. Viajou 200 quilômetros de trem e de carona para pedir auxílio a um tio fazendeiro, que lhe fechou as portas. “O sonho de sua mãe era vê-lo balconista das Casas Pernambucanas, mas desistiu disso. Preferiu ir atrás da aviação, coisa de vagabundo e louco, vá trabalhar.” Tomou dinheiro emprestado de um amigo e conseguiu o brevê. Aos 21 anos, Rolim Amaro ingressou na TAM. Em 1966, recebeu uma proposta tentadora: ser piloto particular na região do Araguaia. Financiou seu próprio avião Cessna 170 para três passageiros, com o qual transportava animais (já que as estradas eram raras), além de roupas e rádios de pilha que vendia para engordar o salário. Dois anos depois tinha dez aeronaves. Desistiu do negócio quando teve a sétima crise de malária.

Em 1972, Rolim voltou para a TAM como sócio a convite do passageiro e amigo Orlando Ometto. Adquiriu metade das ações e o restante ele comprou quatro anos depois. Então realizou seu sonho de pioneirismo instalando-se nos aeroportos pequenos e antigos das grandes cidades, atento à clientela que precisava poupar tempo. Modernizou a frota. Inventou a “maior poltrona do meio” fazendo o odiado lugar virar objeto de desejo de passageiros. Superou turbulências na trajetória do sucesso. A pior ocorreu em 1996: a queda do Fokker 100, poucos minutos após a decolagem de São Paulo para o Rio, que matou 99 pessoas. Rolim e outros realizadores de sonhos deixam à lição de que os obstáculos nem sempre são tão grandes e intransponíveis quanto se imagina. Pelo contrário, tornam-se pequenos diante da obstinação de quem acredita nos sonhos.

“A vontade de voar”, palavras que estimulam a imagem e o hábito de sonhar.

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